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Chamada de Publicação E-book PPGComics: dossiê Quadrinhos, Comunicação e entremeios


As histórias em quadrinhos, na condição de linguagem e de um sistema organizado de signos, sugerem múltiplas possibilidades estéticas e comunicativas, se articulando em estruturas híbridas e flexíveis, caracterizadas pela disposição sequencial-simultânea de imagens. O uso da sarjeta exerce tanto o papel plástico de separação das imagens quanto o papel narrativo de elipse, oferecendo fragmentos a serem reunidos e contextualizados em uma história por meio da postura ativa de quem lê (GROENSTEEN, 1999). O corte semiótico da sarjeta sugere ainda uma navegabilidade consciente do código: como leitores, buscamos a sequencialidade da narrativa, mas também apreendemos, paralelamente, a organização espacial da página, que conjuga diferentes espaços-tempo em um mesmo ambiente preenchido de modo superficial (no sentido de “superfície a ser preenchida”, conforme propõe Moles in COSTA & MOLES, 1991), propiciando diferentes modos de percepção da página quadrinística per se (PEETERS, 1988; GROENSTEEN, 1999). Além disso, temos visto, ao longo do século XXI, que a linguagem dos quadrinhos vem cada vez mais fazendo jus ao que Ramos (2009) denominou (a partir de definição de Dominique Maingueneau) como hipergênero, ou seja: “os hipergêneros não sofrem restrições sócio-históricas: eles apenas ‘enquadram’ uma larga faixa de textos e podem ser usados durantes longos períodos e em muitos países” (MAINGUENEAU, 2010, p. 131). Sob essa denominação, temos que os quadrinhos não podem ser considerados apenas “um gênero textual” (conforme é comum em algumas áreas), na medida em que, como suporte, eles vêm se prestando a diferentes gêneros textuais, como autobiografias (como os trabalhos de Alison Bechdel e Marjane Satrapi), jornalismo (vide a obra de Joe Sacco), textos acadêmicos (a tese de doutorado de Nick Sousanis, Desaplanar) e artigos científicos (como os trabalhos de data comics de Bach, Riche, Carpendale e Pfister, 2017), e também abrindo novos espaços para obras autoficcionais (como Oleg, de Frederik Peeters), ainda que a definição de graphic novel esteja aberta e sujeita a várias especulações e discussões (por exemplo, em WOLK, 2007, e GARCÍA, 2012). Ao mesmo tempo, os quadrinhos têm sido percebidos como formas culturais sujeitas a particularidades geográficas e influências multiculturais ou como objetos de releitura histórico-conceitual (CAMPOS, 2022). Diante das particularidades e potencialidades crescentes dessa linguagem em questão, podemos nos perguntar, dentre outras possibilidades: quais são os meios pelos quais os quadrinhos podem comunicar? E o que podem comunicar? Quais discursos os povoam e como suas formas podem refletir e ampliar os conteúdos? Como as diversas formas de representação social estão sendo oferecidas contemporaneamente nesse meio? Como se dão os modos de produção de sentido na recepção de uma história em quadrinhos? No esteio dessas perguntas, o grupo de pesquisa Oficina Invisível de Investigação em Quadrinhos, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Ceará (PPGCOM-UFC), lança a chamada para compôr o primeiro volume do dossiê Quadrinhos, Comunicação e entremeios: diálogos possíveis. Primeiro ebook do selo editorial PPGComics, o volume busca apresentar a produção acadêmica na área e os quadrinhos em sua dimensão comunicacional, bem como em sua interação com outros campos de estudo - Artes, Design, Educação, Letras, Linguística etc. Propõe-se um ponto de convergência entre pessoas pesquisadoras de quadrinhos, quadrinistas-pesquisadoras e aquelas cujas pesquisas se encontram no “entre” dos diálogos interdisciplinares. Três linhas temáticas estruturam essa coleção: I) Quadrinhos e linguagem: o meio, a poética e os diálogos intermediáticos. II) Quadrinhos e sociedade: discursos e representações sociais. III) Quadrinhos e mediação: o uso do meio como instrumento em processos de aprendizagem, socialização e outros processos comunicacionais. Podem ser enviados trabalhos nas seguintes modalidades: a) Pesquisas: artigos, resumos expandidos e ensaios (formatos .docx e .pdf), entre 3.500 e 7.000 palavras (com, no máximo, 40.000 caracteres). b) Pesquisas-produções: pesquisas produzidas na linguagem dos quadrinhos, total ou parcialmente. Nesta modalidade, é possível enviar um trabalho inteiramente confeccionado em quadrinhos ou que contenha alguma seção em quadrinhos (ex.: considerações finais). Os trabalhos devem ter até 6 páginas (coloridas ou em preto e branco, formato .jpg ou .png, com resolução mínima de 300 dpi). Solicitamos que as páginas do trabalho em quadrinhos se adequem ao formato retrato (página vertical nas proporções do padrão A4, 21x29,7cm). c) Traduções: textos acadêmicos traduzidos para o português (formatos .docx e .pdf), com documentos comprobatórios da concessão da pessoa autora e do editor original, entre 3.500 e 7.000 palavras. Os trabalhos devem ser inéditos. Pode-se publicar artigos com pesquisas apresentadas em eventos, desde que com alteração de, pelo menos, 40% do teor em relação ao texto anterior. As submissões devem ser feitas até 31/08/2023 para o e-mail oficinadequadrinhos@ufc.br, com o assunto “Submissão PPGComics”. Serão bem-vindas submissões de pessoas doutoras, doutorandas, mestres, mestrandas, graduadas e graduandas. No corpo do e-mail, envie uma biografia sua, com até 100 palavras. Referências BACH, Benjamin; RICHE, Nathalie Henry; CARPENDALE, Sheelagh; & PFISTER, Hanspeter. The Emerging Genre of Data Comics. IEEE Comput Graph Appl. 2017;37(3):6-13. doi: 10.1109/MCG.2017.33. PMID: 28459667. CAMPOS, Rogério de. HQ: uma pequena história dos quadrinhos para uso das novas gerações. São Paulo: Edições SESC / Veneta, 2022. COSTA, Joan; MOLES, Abraham. La imagen didáctica. Barcelona: CEAC, 1991. GARCÍA, Santiago. A novela gráfica. São Paulo: Martins Fontes, 2012. GROENSTEEN, Thierry. Système de la bande dessinée. Paris: PUF, 1999. MAINGUENEAU, Dominique. Doze conceitos em análise do discurso. São Paulo: Parábola Editorial, 2010. PEETERS, Benoît. Lire la bande dessinée. Paris: Casterman, 1998. RAMOS, Paulo. A leitura dos quadrinhos. São Paulo: Contexto, 2009. WOLK, Douglas. Reading comics: how graphic novels work and what they mean. New York: Da Capo Press, 2008.





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